Instalando o Slackintosh 8.1
Piter PUNK
Utilizar uma arquitetura diferente pode trazer várias surpresas,
nada melhor para tornar a experiência mais gratificante do que ter
um ambiente com o qual você já está acostumado, neste artigo mostramos
como instalar e configurar o Slackware em um OldWorld Macintosh, uma
experiência interessante e, ter o slackware em uma máquina sempre é
bom -;).
1. Introdução
Bom, depois de muito tempo pensando em como conseguir
um Macintosh, finalmente coloquei a mão em um deles para
a minha coleção: um PowerMac 5500. Máquina bem interessante,
com monitor integrado e já veio com modem e placa de rede.
Só havia um problema, e esse problema se chamava MacOS. Mais
precisamente MacOS 8.6. Instantes depois da compra, lá estava
eu pesquisando qual UNIX-like poderia rodar nessa máquina. As
respostas dessa pesquisa foram bem promissoras.
Tanto o Linux como o NetBSD rodam nesse Mac, e rodam muito
bem! O primeiro que instalei foi o NetBSD, pois a documentação
era bem mais farta, e o procedimento de instalação passado
passo-a-passo. Depois de instalado e de ter aprendido direito
como esse Mac funciona, resolvi instalar Linux nele.
Nessa hora a minha decepção, o Slackintosh havia sido
descontinuado -:(. Outra pesquisa no google e achei um mirror
do projeto, com os arquivos para a instalação do Slackintosh
8.1, 9.0 e 9.1. Como o 8.1 estava mais completo, resolvi baixar
e instalar e, de quebra, arranjar assunto para um artigo -;)
2. Considerações iniciais
Esse método que estou empregando funciona apenas para Macs
classificados como OldWorld, ou seja PowerMacs que tenham sido
fabricados antes do iMac. Para Macs NewWorld é possível gerar
um CD bootável e o procedimento é muuuuuito mais simples.
PowerMacs da série x100 também não vão se beneficiar da técnica
usada (mas nada impede de eu descobrir outra assim que colocar
o 6100 que tem aqui para funcionar).
Por último, como REALMENTE não gostei do MacOS, eu eliminei-o
da máquina. Da mesma maneira que os meus PCs, o Mac roda apenas
o Linux.
3. A instalação
3.1. Discos de Boot
Nada de muito misterioso, pegue os discos de root e de boot
que você pode baixar clicando nos links:
Crie os dois discos utilizando o dd e coloque primeiro o bootdisk
e, quando solicitado, o rootdisk. No final do carregamento do
segundo disco, o sistema vai tentar detectar o seu CD-ROM. Como a
maior parte dos Macintoshs pré-iMac usam CD-ROMs SCSI, o detector
do disquete que procura apenas por dispositivos IDE não vai detectar
nada. Você vai precisar inserir o "endereço" do seu CD-ROM. Se estiver
com preguiça de procurar, o endereço é /dev/scd0
3.2. Particionamento
Depois de carregar o CD, você já deve ter percebido que o sistema de
instalação é igual ao do Slackware que todos nós conhecemos. Não adianta
selecionar agora o tipo de teclado, aperte simplesmente , entre
como root e vamos efetuar o particionamento com o fdisk:
# fdisk /dev/hda
Na realidade, este não é o fdisk que todos nós conhecemos, é o pmac-fdisk,
mas foi alterado para que a saída fique parecida com a do fdisk e o
instalador do Slackware possa reconhecer as partições pelos seus nomes.
Mais uma diferença: ao contrário do fdisk com o qual estamos acostumados,
este não detecta automaticamente a próxima posição livre. Cada partição
começa exatamente onde termina a partição anterior, exemplo:
hda1: 1 64
hda2: 64 5532
Graças a esta característica, é extremamente útil usar o comando 'p' para
apresentar a tabela de partições sempre que for incluir uma nova. Você vai
precisar de no mínimo 4 partições:
- Uma com a tabela de partições (é do Mac essa, não podemos dar pitaco)
- Uma para a partição /boot (aproximadamente 60MB)
- Uma para a partição /
- Uma para swap
A seqüência para criar essas partições é bem simples:
- Reinicia a tabela de partições (i)
- Cria partição /boot (c)
- Escolhe cilindro inicial (64)
- Seleciona o tamanho desejado (60M)
- Cria partição / (c)
- Escolhe cilindro inicial (o cilindro final da /boot)
- Seleciona o tamanho desejado (1850M)
- Cria partição de swap (c)
- Escolhe cilindro inicial (idem item anterior)
- Seleciona o tamanho desejado (RAM < tamanho < 2*RAM)
- Dê para essa partição o nome de "swap" (sem as aspas)
- Escrever tabela (w)
- Sair (q)
3.3. Instalação Propriamente Dita
É executar o setup e ir seguindo os passos recomendados. É idêntico ao do
slackware para x86. Alguns detalhes são importantes:
- É necessário instalar a glibc que está na série L, sem ela seu
sistema não vai funcionar
- Instale a série SLACKINTOSH ela é totalmente obrigatória.
- A partição /boot deve ser formatada como ext2
No final da instalação, apenas lembre-se de NÃO rebootar.
3.4. OpenFirmware
Essa é uma das partes mais divertidas da instalação: trabalhar com o
OpenFirmware. Para falar a verdade, é um parto. O OpenFirmware faz o
papel da BIOS nos Macintoshs, mas, antes da versão 3 praticamente todos
tem bugs ou configurações exóticas. Agora, tentem advinhar qual a versão
que vem nos PowerMacs pré-iMac?
Para entrar no OpenFirmware, você deve pressionar simultaneamente as
teclas "Option+Command+O+F". E, para melhorar a situação, a entrada
e saída default do OpenFirmware são pela porta serial!!! Graças ao Bom Deus
e a alguns programadores, tem como reprogramar o OpenFirmware diretamente
pelo Linux, até mesmo agora, depois de ter instalado o slackintosh e antes
de ter rebootado a máquina.
A primeira alteração que vamos fazer é para o sistema entrar automaticamente
no OpenFirmware e não tentar carregar o Linux/MacOs/Whatever direto. Para
isso basta:
# nvsetenv auto-boot? false
Logo em seguida, vamos configurar as entradas e saídas para os locais
corretos
# nvsetenv input-device kbd
# nvsetenv output-device video
Geralmente isso funciona, no 5500, o output-device precisa ser
"/bandit/ATY,264GT-B". Colocar o boot-device para a sua partição /boot
é uma boa idéia também:
# nvsetenv boot-device ata/ata-disk@0:0
De novo, no caso do 5500 precisei setar algumas coisinhas extras:
# nvsetenv use-nvramrc? true
# nvsetenv nvramrc "cpoke 0a7 0f3000032 cpoke 093 0f3000033 cpoke 03e 0f300003a"
O primeiro serve para carregar um nvramrc. A segunda linha seta o conteúdo da
nvramrc (esses comandos servem para ligar a tela, não contentes em fazer a
saída padrão ser o console serial, os engenheiros da Apple deixaram o brilho
do monitor no mínimo!!!)
Dê uma olhada em:
Se quiser ver exatamente o que é necessário setar na nvram para a sua máquina.
Ah! Se você fizer alguma besteira horrível, "Option+Command+P+R" restauram
a configuração original do OpenFirmware, se mesmo assim não der, dentro do
seu Mac tem um botãozinho redondo, ele chama CUDA e se você apertá-lo, seu
Mac volta para configuração de fábrica.
3.5. Instalando o QUIK
Não, não é um achocolatado (ou seria "amorangado"?), quik é um bootloader
para ser utilizado em máquina PPC. No universo do PC seria uma espécie de
LILO ou GRUB. É o conjunto quik e OpenFirmware que vai bootar a sua máquina.
Como o slackintosh era um hobby e, pior ainda (para a gente), o desenvolvedor
tinha um Mac NewWorld, a instalação do quik deve ser feita de maneira
totalmente manual.
O primeiro passo é criar um quik.conf, ele é bem parecido com um lilo.conf
da vida, mas tem menos parâmetros. Crie-o diretamente na partição /boot que,
no momento, está montada sob o /mnt:
# vi /mnt/boot/quik.conf
Edite o arquivo deixando-o mais ou menos assim:
timeout = 100
partition = 2
read-only
default = linux
image = /vmlinux
label = linux
root=/dev/hda3
Isso tudo quer dizer: espere 10 segundos (timeout = 100), depois procure no hda2 (partition = 2) por um arquivo chamado vmlinux (image = /vmlinux), se achar, por favor carregue-o. Bem simples não é?
Ainda não é a hora de rebootar. Antes é necessário copiar outro kernel para
o diretório /mnt/boot. Infelizmente, o que está lá o quik não consegue
carregar, ele tem problemas com kernels muito grandes. Felizmente, dentro
do CD, no diretório boot existe um outro kernel -:). Copie-o para o
/mnt/boot:
# cp /var/log/mount/boot/vmlinux /mnt/boot/vmlinux
Agora é hora de um pouco de black magic:
# cd /mnt
# pivot_root . mnt/floppy
# exec chroot . sh
# umount /mnt/floppy
# quik -v -C /boot/quik.conf
E pronto! Se tudo correu bem, agora você pode rebootar a sua máquina com o
bom e velho "shutdown -rf now". Se o shutdown não funcionar, não se estresse,
rode o comando sync algumas vezes e desligue o computador sem dó nem piedade.
Se tudo deu certo, é para você agora estar cara-a-cara com o prompt do
OpenFirmware, um:
0 >
Extremamente intimidador. Simplesmente escreva "boot" e aperte . É
para aparecer agora um novo prompt, escrito "boot:". Neste prompt, ou você
aguarda 10 segundos ou simplesmente escreve "linux" (que é o label que a gente
deu para o kernel) e aperte .
Dentro de instantes é para aparecer as mensagens do kernel correndo pela tela,
e o simpático pingüim no canto superior esquerdo da tela. Como tudo deu
certo, podemos agora reativar o autoboot (assim, você não vai ver mais o
prompt do OpenFirmware, a não ser que pressione Option+Command+O+F)
# nvsetenv auto-boot? true
4. Configurando
Nesta seção é descrito basicamente como configurar o hardware do seu Mac
para ficar funcionando de maneira aceitável. Ou seja, vídeo, som, rede,
essas coisas do dia-a-dia. A configuração de softwares como sendmail,
mozilla e apache (entre muitos outros) é idêntica a configuração que faríamos
em um PC, por esse motivo, esta seção aborda apenas configurações
particulares do Macintosh (que se concentram no suporte ao hardware).
Para várias das configurações aqui indicadas, é necessário recompilar
o kernel. O código fonte do mesmo se encontra na série K, enquanto os
programas necessários para a compilação estão na série D. O processo de
compilação do kernel foge do escopo do artigo, mas no apêndice você pode
ver algumas diretrizes.
4.1. Teclado e Mouse
Não sei se você já percebeu no seu Macintosh, mas o mouse que vem com ele
possui apenas um botão. Se você usa o X, já deve ter percebido como isso não
é legal... A solução mais óbvia é simplesmente comprar uma placa PCI/USB e
colocar um mouse USB com váááários botões -:). Para isso temos um problema,
o 5500 possui apenas um slot PCI e nele está a minha placa de rede. Entre rede
e mouse de três botões, fico com a rede.
Outra coisa, por default, o teclado do Macintosh manda keycodes de Macintosh.
No console a gente não vê muita diferença, mas programas que acessam
diretamente o teclado (alguém mencionou X?) possuem muitos problemas com isso
e, se temos um Macintosh, queremos o modo gráfico!!
Com os problemas já expostos, podemos agora pensar na solução. Aliás, nem
precisamos pensar muito nisso pois os sábios desenvolvedores do kernel já
pensaram antes pela gente. Para tudo correr perfeitamente, basta que ativemos
alguns parâmetros no kernel, com o comando sysctl.
Primeiro vamos cuidar dos keycodes, padronizando-os para ao invés de mandar
exóticos códigos de Mac, mandar os convencionais do linux:
# sysctl -w dev/mac_hid/keyboard_sends_linux_keycodes=1
Com isso solucionado, podemos agora setar algumas das teclas para
funcionarem como botões dois e três (respectivamente, botão do meio e da
direita). Antes de mais nada, vamos ativar esse recurso:
# sysctl -w dev/mac_hid/mouse_button_emulation=1
Particularmente eu gostei de deixar o botão da direita como sendo
a tecla Command e o botão do meio mapeado para o Control da direita (que
nunca uso):
# sysctl -w dev/mac_hid/mouse_button3_keycode=125
# sysctl -w dev/mac_hid/mouse_button2_keycode=97
Os números 125 e 97 correspondem às teclas que mencionei. Se você quiser
colocar os botões em outras teclas, use o comando showkey (tem que
estar no console). Anote os keycodes das teclas que escolher (muita gente
gosta de usar o F11 e F12 para isso) e espere 10 segundos para sair
automagicamente do showkey.
Ah! E para o mouse funcionar direitinho no console, rode o mouseconfig
e selecione o seu mouse como se fosse USB. Se quiser fazer isso manualmente
basta fazer um link do /dev/input/mice para o /dev/mouse.
4.2. Som
Essa configuração é uma das mais simples! -:)
# modprobe dmasound_pmac
Pronto! Foi carregado o módulo de som para o seu PowerMac! Não sei se
são todos os PowerMacs, mas a grande maioria usa o chip de som AWACS,
e esse é o módulo para ele. Nada como um pouco de padronização. Para regular
o volume, use o rexima.
4.3. Rede
A configuração de rede é outra que não traz maiores problemas. Para quem
está acostumado com o netconfig do Slackware, basta utilizá-lo. Depois de
configurar a rede, é só rodar o rc.inet1:
# /etc/rc.d/rc.inet1
E tudo estará OK. Ou quase tudo, no meu caso foi detectado o módulo da placa
de rede porque uso uma placa PCI supercomum (Realtek 8139). Provavelmente,
se você tiver outra placa, talvez precise carregar o módulo manualmente.
Por exemplo:
# modprobe mace
Carrega o módulo de rede "padrão" para Macintoshs. Se o seu Mac possui
rede on-board, a chance de ser uma MACE, se não é de 100% é de uns bons
90%. Se o seu PowerMac é daqueles que possuem duas portas, uma AAUI e uma
RJ-45, pode utilizar a opção port_aaui para forçar ou não a utilização
da AAUI (use port_aaui=1 ou port_aaui=0 para isso).
Muitos dos Macs OldWorld possuem um slot Comm II, que na realidade é um
PCI com a pinagem toda alterada (sim, a Apple gostava muuuito de ser
incompatível), e diversos fabricantes fizeram placas para esse slot.
Tanto de rede como de modem. A maior parte das placas de rede usa chips
da Digital, e são suportadas pelos módulos tulip e de4x5.
Depois de carregar o módulo de rede, pode rodar o netconfig normalmente.
4.4. Seriais
Os Macs não possuem porta paralela. Nem os OldWorld (que são o foco do
nosso artigo) nem os NewWorld; nos primeiros, as impressoras são conectadas
via porta serial e nos segundos via USB.
Ou seja, se você possui uma impressora para o seu PowerMac, vai precisar
habilitar as portas seriais dele. Isso é feito carregando o módulo apropriado:
# modprobe macserial
Se você é novo no mundo do Macintosh, as entradas seriais são os
conectores redondos com 8 pinos na parte traseira dele. O conector redondo
com 4 pinos é ADB e o que parece uma porta paralela é SCSI.
4.5. Vídeo
Vamos ter que começar com um pouco de história. Uma das principais
características do Macintosh, desde o seu lançamento, é a ausência de
um "modo texto". Ou seja, ele apenas possui o modo gráfico. O que era
um problema razoável para rodar o Linux nele.
Para resolver esse problema, foi criado o framebuffer que nada mais é
do que mapear a tela gráfica como se fosse um terminal de texto, ou seja,
escrevemos texto diretamente no modo gráfico. E é assim que trabalha o
Macintosh, tendo sido criado, inclusive, um X que funcione sobre o
framebuffer.
Depois tanto o framebuffer como o X que roda sobre ele foram portados
para o x86. Mas isso não faz parte desse artigo.
O que faz parte desse artigo é que o jeito mais fácil (e algumas vezes
o único) de ter o X rodando em um Macintosh é rodando-o sobre o framebuffer.
Apesar do comando fbset poder alterar a resolução do framebuffer on-the-fly,
eu nunca fui muito feliz com ele e, aliás, não fico trocando de resolução
toda hora. Nesse caso, o melhor a fazer é configurar o seu quik.conf e
colocar nele a resolução adequada.
Alguns detalhes antes de começar:
- Quando no modo de 24bits, o RGB do Mac na realidade é BGR e,
no X, todas as cores ficam trocadas. Não sei se o X em versões
mais novas ainda possui esse problema, mas o que vem no
Slackintosh 8.1 com certeza padece desse mal. Ah! 24bits e
32bits são praticamente a mesma coisa.
- No modo de 16 bits, ao invés de utilizar 5-6-5 (5 bits para R,
6 para G e 5 para B) que é praticamente um padrão no PC, são
utilizados 5 bits para cada um dos canais de cor. Traduzindo,
16 bits na realidade são 15.
- Freqüências não suportadas podem queimar o seu monitor!!! Tenha
certeza antes de tentar algo, consulte o manual e toda a
documentação que encontrar. 832x624x8bpp é uma configuração
bem popular e funciona praticamente em qualquer PowerMac.
Agora que você já é uma pessoa bem informada, vamos ao que interessa: os
modos de vídeo que você tem disponíveis:
+------+--------------+-------+-----------+
|modo | resolução | freq | dot-clock |
+------+--------------+-------+-----------+
| mac5 640x480 60Hz 25.175MHz |
| mac6 640x480 67Hz 30.0MHz |
| mac9 800x600 56Hz 36.0MHz |
| mac10 800x600 60Hz 40.0MHz |
| mac11 800x600 72Hz 50.0MHz |
| mac12 800x600 75Hz 49.5MHz |
| mac13 832x624 75Hz 57.6MHz |
| mac14 1024x768 60Hz 65.0MHz |
| mac15 1024x768 72Hz 75.0MHz |
| mac16 1024x768 75Hz 78.75MHz |
| mac17 1024x768 75Hz 78.75MHz |
| mac18 1152x870 75Hz 100.0MHz |
| mac19 1280x960 75Hz 126.0MHz |
| mac20 1280x1024 75Hz 135.0MHz |
| mac21 1152x768 60Hz - |
| mac22 1600x1024 60Hz 112.27MHz |
+-----------------------------------------+
NÃO me perguntem qual a diferença entre o modo mac16 e o mac17. Essas
coisas estão além da minha compreensão e, se alguém se preocupar em
procurar o porquê, por favor me avise -;)
Depois de decidir qual a resolução apropriada, você precisa também
decidir qual a profundidade. 8bits de cor lhe dão 256 cores, 16bits que
na realidade são 15 lhe dão 32768 cores e 32bits que na realidade são
24 lhe dão 16 milhões de cores.
Lembre-se que quanto mais bits de cor você usar, mais memória irá
gastar. Memória de vídeo que, normalmente, não é expansível. Para saber
quanto de memória você irá precisar, em bytes basta fazer a seguinte
conta:
resx * resy * bits/8
Por exemplo, para 832x624 com 16bits de cor você irá gastar:
832*624*16/8 = 1038336 bytes = 1014 kbytes = 0.99 Mbyte
Quando for usar os modos de 15 e 24 bits faça as contas como sendo 16
e 32 bits, respectivamente. Agora que já sabemos a resolução e a profundidade que
queremos, chegou a hora de passarmos essa informação para o kernel,
através do quik.
Isso é particularmente simples. Por exemplo eu utilizo 1024x768@60 com
16bits de cor. Olhando na tabela, vemos que a resolução 1024x768 a 60Hz
é o modo mac14. Assim, eu adiciono a seguinte linha:
append="video=atyfb:mac14-16"
Coloque-a logo abaixo da linha que diz image=/vmlinux. Em detalhes, o
que essa linha está dizendo é:
"Como vídeo, use o frambuffer da ATI, entre no modo mac14 com
16bits de cor"
O PowerMac 5500 usa como vídeo uma ATI 3D Rage I/II como é possível ver
com a saída do lspci. A saída do lspci é útil em praticamente todos os
Macintoshs PCI. Para quem gostaria de saber, uma tabelinha rápida dos
dispositivos de framebuffer para Mac:
+---------------+-------------------------------+
| Dispositivo | Macintosh(s) |
+---------------+-------------------------------+
| platinumfb | 7200, 8200 |
| atyfb | 5500, 6500, 9500, 9600, G3 |
| valkyriefb | 5200, 5400, 6200, 6400, 6360 |
| ariel2fb | 6100, 7100, 8100 |
| controlfb | 7300, 7500, 7600, 8500, 8600 |
| chipsfb | PB2400, PB3400 |
+---------------+-------------------------------+
Se você não sabe qual está usando, escolha macfb que é o driver "padrão",
mas o ideal é descobrir qual é o vídeo do seu Mac. Antes
de passarmos para o próximo item, é bom saber que existe um segundo método
de escrever a linha do "append" que colocamos no quik.conf:
append="video=atyfb:vmode:14,cmode:16"
Alguns dos drivers só se dão bem com esse tipo de passagem de parâmetro.
Depois de tudo OK, reinstale o quik:
# quik -v -C /boot/quik.conf
No próximo boot deve aparecer um lindo framebuffer na resolução que você
achou melhor.
4.5.1. Configurando o X
Com o framebuffer e o mouse configurados, falta muito pouco para ter um
X totalmente funcional. É bem simples copiar o /etc/X11/XF86Config-fbdev
para o /etc/X11/XF86Config e editar algumas coisinhas:
Esse tipo de configuração é igual a configuração normal para x86,
e costuma ter bastante informação a respeito pela rede.
O protocolo do mouse ADB é PS/2 e o device /dev/mouse se você
fez o link como falamos na configuração do mouse. Isso é passado
para o X pelas opções:
Option "Protocol" "PS/2"
Option "Device" "/dev/mouse"
Dentro da seção "InputDevice", dentro da configuração de Mouse.
Se te anima, isso já deve estar exatamente assim.
Se você colocou 16 bits de cor, vá na seção "Screen" e duplique
a Subsection "Display" (tem uma lá para 8, 16 e 32 bpp), troque
o número da seção duplicada por 15 e coloque antes de todas elas,
uma linha:
DefaultDepth 15
Pronto! Agora você é feliz proprietário de um X configurado e funcional!!!
Tem o detalhe sutil que você vai ter que compilar um zilhão de coisas para
ter uma interface gráfica interessante, mas o X em si está OK! (Se vc quiser
usar o seu Mac como terminal, já pode considerar o trabalho completo).
4.6. Mantendo as Configurações
Depois de todo esse esforço, você não vai querer que todas as configurações
desapareçam do dia para a noite! Ou pior, no próximo reboot!!! Para isso,
o melhor a fazer é criar um rc.modules e colocar lá os módulos a serem
carregados.
Crie um /etc/rc.d/rc.modules com o seguinte conteúdo:
--------------------------------------------------------------
# rc.modules
# Load rc.netdevice, if needed
#
if [ -x /etc/rc.d/rc.netdevice ]; then
. /etc/rc.d/rc.netdevice
fi
# That loads the default PowerMac sound module
#
/sbin/modprobe dmasound_pmac
# And that loads serial support to PowerMacs, that is the
# strange 8 pins connector labelled as Printer or Modem
#
/sbin/modprobe macserial
--------------------------------------------------------------
Torne esse arquivo executável com:
# chmod +x /etc/rc.d/rc.modules
Edite também o /etc/rc.d/rc.S, para que ele chame o sysctl no boot,
configurando para você o teclado e a emulação do mouse. Faça isso colocando
logo abaixo da linha "# . /etc/rc.d/rc.serial" as seguintes instruções:
--------------------------------------------------------------
# Load System Control configurations
if [ -x /sbin/sysctl ]; then
/sbin/sysctl -p
fi
--------------------------------------------------------------
Claro que, para isso funcionar, será necessário um arquivo que contenha
as configurações que pretendemos alterar, faça um /etc/sysctl.conf contendo
essas linhas:
--------------------------------------------------------------
dev/mac_hid/keyboard_sends_linux_keycodes=1
dev/mac_hid/mouse_button_emulation=1
dev/mac_hid/mouse_button3_keycode=125
dev/mac_hid/mouse_button2_keycode=97
--------------------------------------------------------------
Com isso, assim que o seu computador for ligado, irá ler os módulos de
som, rede e serial. O teclado também estará configurado, bem como a emulação
dos botões do mouse, se quiser completar o serviço, troque no inittab para
iniciar no runlevel 4 ao invés do 3, para entrar diretamente no X.
5. Conclusão
Mesmo com todas as peculiaridades do hardware do Macintosh, agora, depois de
configurado, ele se comporta como uma máquina Linux como qualquer outra, o
que é um oásis de calma e tranqüilidade. Se quiser um sistema mais completo,
é hora de pegar os SlackBuilds do Slackware e mandar ver na compilação de
pacotes.
O processo como um todo é bem interessante para conhecer o hardware do
Macintosh e se familiarizar com uma arquitetura diferente (e com mouses
de um botão!!!). Quaisquer dúvidas ou sugestões com relação a esse artigo,
por favor mande e-mail para
piterpk@terra.com.br
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